O cenário dos esportes eletrônicos tem crescido de forma acelerada.
Com campeonatos milionários, streamings de alto alcance e jogadores com status de celebridades, os e-sports deixaram de ser apenas entretenimento para se tornarem uma profissão.
Neste contexto, times e organizações precisam estar atentos à forma como contratam seus atletas.
Afinal, contratar um jogador como pessoa jurídica (PJ) é legal? Ou o correto seria formalizar por meio de um contrato de trabalho regido pela CLT? A resposta depende de uma análise jurídica cuidadosa.
Equipes que não observam essas distinções podem ser responsabilizadas por vínculos empregatícios disfarçados, o que traz riscos financeiros e reputacionais.
Este artigo apresenta de forma acessível os principais cuidados que os times devem tomar na hora de contratar pro players, explicando:
- Diferenças entre contrato de trabalho e contrato de prestação de serviços;
- O que a lei exige em cada tipo de contrato;
- Quando um jogador é, na prática, um empregado;
- Como montar contratos que sejam legais e seguros para o time e para o atleta.
Sumário de Conteúdo
- Contrato de trabalho ou contrato de prestação de serviços: qual a diferença?
- Por que times optam pelo contrato de prestação de serviços?
- Quais são os riscos jurídicos de uma contratação irregular?
- Cuidados na elaboração do contrato de prestação de serviços
- O papel do advogado na gestão de cyber atletas
Contrato de trabalho ou contrato de prestação de serviços: qual a diferença?
No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece o que caracteriza uma relação de emprego.
Basicamente, se um atleta atua com subordinação, pessoalidade, habitualidade e mediante remuneração, há vínculo empregatício.
Por outro lado, o contrato de prestação de serviços é um acordo entre partes independentes, geralmente com pessoa jurídica (PJ), sem a configuração de subordinação direta ou habitualidade.
Principais diferenças:
Elemento | Contrato de trabalho | Contrato de prestação de serviços |
Subordinação | Sim | Não |
Exclusividade | Geralmente sim | Depende do contrato |
Jornada definida | Sim | Não obrigatória |
Forma de pagamento | Salário fixo mensal | Pode ser por projeto ou hora |
Registro em carteira (CTPS) | Sim | Não |
Encargos trabalhistas | Sim (INSS, FGTS, férias, etc) | Não |
Por que times optam pelo contrato de prestação de serviços?
Muitos times de e-sports escolhem contratar jogadores como PJ por acreditarem que é mais econômico.
Sem os encargos trabalhistas, o custo parece menor.
Além disso, há mais flexibilidade na relação e menos obrigações legais.
No entanto, essa estratégia só é válida se a relação realmente for autônoma.
Se o jogador cumpre regras rígidas de horário, é subordinado a um técnico, recebe salário mensal e não pode jogar por outras equipes, a Justiça pode reconhecer vínculo de emprego — mesmo que o contrato diga o contrário.
Essa prática de “pejotização” (obrigar alguém a atuar como PJ para evitar o vínculo trabalhista) é considerada fraude e pode gerar condenações altas para a equipe, incluindo pagamento retroativo de salários, férias, 13º, FGTS, entre outros.
Quais são os riscos jurídicos de uma contratação irregular?
Um time que contrata atletas como PJ, mas impõe regras típicas de um empregado, corre sérios riscos:
- Processos trabalhistas com alto custo financeiro;
- Condenações por danos morais se houver abusos ou fraudes;
- Multas e fiscalizações por parte do Ministério do Trabalho;
- Perda de imagem diante de patrocinadores e do público.
Portanto, a economia aparente pode sair muito cara.
Além disso, a informalidade desvaloriza a imagem do time e prejudica a profissionalização do cenário.
Cuidados na elaboração do contrato de prestação de serviços
Caso o time opte pela contratação como prestador de serviços, é essencial:
- Garantir que o atleta atue com autonomia;
- Evitar cláusulas que imponham exclusividade rígida;
- Não definir jornada fixa ou controle de horários;
- Formalizar um instrumento contratual claro, com prazos, pagamentos e escopo definido;
- Exigir a emissão de nota fiscal da prestação de serviço.
Ainda assim, o ideal é que o contrato seja revisado por um advogado especializado, para garantir validade legal.
O papel do advogado na gestão de cyber atletas
A presença de uma assessoria jurídica especializada é um diferencial competitivo para qualquer equipe profissional. Um advogado especializado pode:
- Analisar o perfil da contratação e indicar o melhor modelo contratual;
- Redigir contratos personalizados, com cláusulas de proteção para o time e o jogador;
- Prevenir passivos trabalhistas, com auditorias regulares;
- Representar o time em eventuais demandas judiciais ou negociações.
Ter esse suporte é fundamental para garantir segurança legal e reputacional.
Os e-sports são um mercado em franca expansão, e a profissionalização das relações entre times e jogadores é uma tendência sem volta.
Entender a diferença entre contrato de trabalho e prestação de serviços é o primeiro passo para uma gestão responsável e segura.
Mais do que uma escolha contábil, essa decisão afeta direitos, deveres e a própria imagem do time.
Ao atuar dentro da legalidade, sua equipe evita problemas, valoriza os atletas e conquista mais credibilidade com parceiros, patrocinadores e torcedores.
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